terça-feira, 30 de setembro de 2008

mal virei a esquina e de longe avistei carlos. estava sentando na mesma mesa, no mesmo bar, no mesmo horário de sempre. ele não viu, mas mesmo assim resolvi ir até lá.

'e o velho hábito continua' disse ao me aproximar
'chico, meu velho!' abriu um grande sorriso, mas não disfarçava sua preocupação

nos abraçamos como velhos amigos, demos tapinhas nas costas e puxei uma cadeira. conversamos espontaneamente enquanto bebíamos uma cerveja gelada e refrescante (um final de tarde nas ruas do méxico pode ser mais quente que copacabana no verão). falamos sobre a vida e sobre amores. sobre meus amores. sobre meus amores que se tornaram seus amores. conversamos sobre seu amores, tão meus, e sobre meus temores. (mal podia prever, prefiro assim acreditar, que em breve, estaria eu atirando em seu coração com meu orgulho ferido e dilacerante enquanto ele suplicava por uma última explicação).

domingo, 28 de setembro de 2008

so they plugged me into a machine
and let my brain dream.



blindness = ok
der riget = muito ok
skins = não ok

domingo, 21 de setembro de 2008

dona marta sabia que tinha razão. o velho machucado doendo em suas costas não errava, dentro de pouco minutos a chuva chegaria, querendo ou não.

exatamente às 08h34 o primeiro grande trovão seguido de pequenos pingos de chuva. mais um trovão e a chuva aumentava conforme a música da vitrola ia se tornando mais intensa.

'recolham tudo o que estiver para fora' disse para seus filhos enquanto olhava para o céu escuro.

e assim foi, durante 143 dias, numa chuva sem fim.

sábado, 20 de setembro de 2008

parou perto da porta. era exatamente a distância de um passo. um passo para a saída por uma trilha desconhecida e nebulosa. colocou a mão na maçaneta. do outro lado da sala sua alma olhava para ele atento.

'a escolha é sua, eu não posso mais ajudar' disse o pássaro.
'guiou todos os meus passos até aqui, já é parte de meu caminho. e agora tudo parece incerto, tenho medo de machucá-la...'

eles se entreolharam. ele colocou a mão na maçaneta, girou e abriu a porta. um vento gelado soprava com toda a força do mundo. todos os papéis e objetos foram arremessados para longe, seus cabelos desordenados, uma poeira se misturava ao ar.

'qual sua decisão?' gritou para se fazer ouvir no meio do zumbido ensurdecedor.

ele já sabia sua decisão. e apenas com uma troca de olhares ele disse mais que mil palavras...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

como poucas coisas são capazes
de se amalgamar
no tempo, no vento...

um único verbo
em movimento circular.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

é tanto esmero e afinco que acaba por se esquecer que os movimentos de translação e rotação, bem como todos os outros fenômenos, naturais ou não, ao seu redor, não param só para que possa contemplar o todo. uma amálgama tão mal feita e transformada em algo tão hermético que muitas vezes faz com que desistamos de lembrar sua mente cansada que é tão medíocre quanto qualquer um.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

não lembro o assunto que conversávamos, mas lembro sim de que quando perguntei ao bichano por qual caminho deveria seguir, o gato ficou me afirmando que todo mundo no País das Maravilhas era maluco! e então, justamente quando eu estava tentando entender o fundamento das coisas, ele simplesmente desapareceu...

domingo, 14 de setembro de 2008

alice se levantou num pulo, porque constatou subitamente que nunca tinha visto antes um coelho com bolso de colete, nem com relógio para tirar de lá, e, ardendo de curiosidade, correu pela campina atrás dele enquanto ele cantava: “é tarde! é tarde! é tarde até que arde! ai, ai, meu Deus! alô, adeus! é tarde, é tarde, é tarde!”.




é tarde
é tarde
estou atrasado ._.
alô

adeus.

sábado, 6 de setembro de 2008

a grande festa morfossintática! todos presentes: os previsíveis, mas nem por isso menos interessantes e donos de uma moral extraordinária, substantivos simples, os adjetivos se perdendo em sua glória reluzente, os verbos com sua convicção inatingível e os promíscuos objetos indiretos.

por fim, as locuções adjetivas e sua moralidade incorruptível, os omissos agentes da passiva e é claro, os charmosos sujeitos ocultos. tudo transbordando, inevitavelmente, ao mesmo tempo...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

"-roque! es vos? roque, del restaurante?

então os olhos de roque se abriram de maneira assustadíssima. me chamou de nieto, nos abraçamos em pleno táxi.

-carajo, no lo creo.

era a maior coincidência desde quando a mesma bala perdida acertou meu coração e transpôs a alma de maria del rosario. estaria eu voltando aos dias dos sonhos?"

extraído da mente de h. flanders :)