domingo, 30 de novembro de 2008

o velho senhor sacudiu a poeira do seu terno como se daquele lugar não quisesse levar sequer minúsculas partículas.
a água da grande piscina azul escura constratando com o céu azul claro das nuvens em tom de merengue enquanto lá longe um dourado em pleno céu do verão.



ditando um tom saudosista.
don gonzález engomou seu bigode
pegou sua carabina, ajeitou as calças
e partiu para um duelo por sua honra contra don aguirre
em pleno ápice da revolução mexicana.
acordou vagarosamente, olhou para o lado e uma voz suave lhe cochichou um sonolento bom-dia.
assim que pisou fora da loja de materiais fotográficos, ela eternizou em sua polaróide o pôr-do-sol daquele final de tarde que estava presente no visor da sua câmera. ele era único, não pela beleza, mas sim por compartilhar o enquadramento com aquele alguém que ela mais amou em toda sua vida.




e hoje, só lhe resta a polaróide.
três horas e meia estendido em sua cama e ele levantou. olhou para o relógio, não que aquilo fizesse qualquer diferença, mas era apenas para certificar que os minutos ainda continuavam a passar.

a luz do sol era a única dentro do quarto daquele sobrado. ele ligou o som, colocou aquele tipo de música na qual os quadris adquirem movimentos próprios, pegou a fotografia colada em seu guarda-roupa e nela olhou o mar.

parecia poder escutá-lo e não achou estar louco quando sentiu de súbito uma brisa marítima atravessar o quarto vinda da janela, mesmo estando ele 2.800km do mar.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

é que de vez em quando dá vontade mesmo de inverter tudo, deixar tudo de ponta cabeça, só pra poder ver como tudo se comporta.

sábado, 15 de novembro de 2008

uma força que te puxa pra fora da trajetória iniciada pela inércia.
um sinal que te avisa o tempo todo de que é necessário virar na próxima curva.
um chamado pra fora do processo.



e é hora de ouvir e sentir tudo isso. é hora de viver.
é hora de ser egoísta.
já passou da hora.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

talvez eu não devesse, mas penso talvez ser maior do que minha vontade própria. basta um vento mais forte vindo do leste para tudo ruir. um vento que vem e leva tudo aquilo que por semanas foi lentamente se edificando.

gostaria de poder ser imune à isso tudo, mas talvez eu seja o mais suscetível de todos.

domingo, 9 de novembro de 2008

926km
85 min de vôo
4 dias de estadia


mal sabem o quanto são especiais pra mim.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

são tantos detalhes num conjunto tão grande e instável que por vezes paramos para pensar se tudo isso vale a pena. e é dos detalhes e nos detalhes que observamos aquilo que nos faz continuar; um simples gesto, uma simples palavra, uma simples existência. é tão pouco, mas preenche um vazio tão grande.





mais do que nunca eu preciso da pausa.
se inferno astral existe, hoje troquei meia dúzias de palavras com o demônio em pessoa.

sábado, 1 de novembro de 2008

no meio daquela imensão preenchida pelo mar, as correntes marítimas deixavam a sensação de me sentir em casa.
- que sugere?
- tudo ou nada.


- ande, não tenho o dia todo. o que vai ser?
- tudo.
os pés no gramado verde. ele estava só naquele campo e ao seu redor somente a imensão preenchida do ar frio das correntes que cortavam os céus e promoviam o balé das nuvens. ele abriu a mão e deixou ir embora tudo aquilo que lá segurava, afinal, não era nada demais...


e ele sequer havia possuído aquilo por mais de um segundo.