terça-feira, 31 de agosto de 2010

o sr. frederico shiapinni detinha todo o monopólio no ramo da indústria de relógios do sul da itália. mesmo assim ele nunca chegava no horário.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

todas as tardes, na sala de música forrada pelo outrora invejável papel de parede violeta trazido da capital e que agora trazia em si o desgaste dos anos, assim como sua pele, esculpida pelo tempo, dona mercedez separava um charuto para seu marido, servia três xícaras de chá para suas vizinhas e tocava uma sonata alegre ao piano enquanto aguardava a chegada de todos eles, mortos na sangrenta batalha de la colina de las esperanzas em 1913.

sábado, 7 de agosto de 2010

a canção de ninar se infiltrava em suas orelhas em um caminho sem volta e o embalava para o sono em um processo próximo à mumificação. todos seus orgãos partiam para um estado de repouso absoluto, como se esvaíssem dele em uma experiência de quase-morte, deixando-o vazio, mera casca de um objeto oco, fina camada intransponível, puro local receptor do eco de si mesmo.