quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

frank levou sua cadeira de rodas até a janela do seu apartamento e a abriu com dificuldade. ele olhou para o céu estrelado e consultou o relógio. faltava apenas um minuto para os fogos de ano novo. ele olhou para o papel com as resoluções de ano novo que estava em cima de sua mesa e sorriu.


alex estava no meio da multidão. os papéis picados logo iam cair e os fogos anunciar o novo ano. ele olhou ao seu redor, seus amigos já se preparavam para a contagem, faltava apenas um minuto para a grande festa. ele colocou a mão no bolso do casaco e lá sentiu o pequeno papel dobrado com suas resoluções e sorriu.


anne terminou de digitar suas resoluções de ano novo, salvou o arquivo e foi para a sala, onde sua filha, marido e todos os parentes já a esperavam para os fogos que iam começar dentro de um minuto. ela pegou sua filha no colo e enquanto olhava para todos ali presentes, sorriu.

domingo, 28 de dezembro de 2008

escrevi uma longa carta, cheia de sentimentos, hipérboles, dúvidas, pedidos e verbos intrasitivos. deixei-a sobre a mesa, coloquei a mochila nas costas, e caminhei até a porta.

lá eu parei, olhei para trás, voltei, peguei a carta em minhas mãos e depois de olhar atentamente o nome escrito no envelope em letras maiores, enfiei-a inteira na boca e mastiguei.




deveria ter usado um pouco mais de interjeições e adjuntos adverbiais, estava tudo meio sem sal. e, sinceramente, por mais indigesta que fosse, pensei, 'pra que? pra que? nem um sorriso ela tiraria de sua cara'.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

whisper some words in my ear, as the sunshine tell us good morning.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

e as sensações mais primitivas podem ser tão grandiosas: sentir o vento contra o corpo, colocar a mão dentro da piscina e ficar mexendo por um tempão na água, deitar no chão do quintal e ficar olhando o céu à noite, ou as nuvens durante o dia, só ficar olhando o céu, sem preocupações, só observando o vai-e-vem das mesmas ou ficar mirando a lua. tão bom.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

e eu escolho fechar os olhos e só sentir meu coração bombeando sangue em cada pedaço de mim ao lembrar. é a contramão do que eu creio ser o certo, mas é o melhor caminho nesse impasse.

sábado, 20 de dezembro de 2008

em pleno leste europeu, dançando com os ciganos, tocando um ukulele, ele sorria enquanto a noite caía e a brisa noturna lhes dava mais fôlego para continuarem até que não aguentassem mais de tanto rir e dançar.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

o grande elefante foi entregue à tarde e recepcionado com grande euforia e muita festa. tão logo começou a narrar sua incrível jornada através da áustria e todos puderam perceber que ele não era facilmente ignorável, como alguns elefantes, que estão dentro de nossas casas todos os dias em plena sala de estar.
você estava certo, don patrese, falta ar para explicar.

domingo, 14 de dezembro de 2008

todas ações e sentimentos vão ficando menos nítidos (mas nem por isso esquecidos) e lá longe já podemos avistar alguns esboços do novo. após tanto percorrer, ora firme com o novo, ora cambaleante com sentimentos confusos, eis a pausa interior tão necessária, eis a respiração antes do próximo ato. eis o vento leste que empurra o barco em direção às esperanças e sonhos de um novo ano.

e eu, lá em cima, na cabine do comandante, enquanto ouvia impropérios sobre a rainha da tunísia, jurei pra mim mesmo, e escrevo para não esquecê-lo com meu próximo gole de rum, que a lista de objetivos e metas desse novo ano não será perdida ou esquecida como as últimas três.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

eram as luzes da grande cidade que o acompanhavam agora na sua caminhada solitária pela rua deserta e molhada da chuva que acabara de cair. não sabe ao certo, mas acha que o cheiro do asfalto molhado reavivou sua memória e em todo seu trajeto só conseguiu lembrar de coisas boas. e como ele desejava nunca ter forçado seu esquecimento. ele tinha, sem dúvidas, as memórias mais felizes da cidade e, paradoxalmente, era a pessoa mais triste de todas.

domingo, 7 de dezembro de 2008

ele estava nocauteado no chão sujo daquele porão escuro e tudo o que podia sentir era sua cabeça rodando e os sons todos se misturando dentro dela. ele poderia até levantar, mas não, ele queria era ficar lá, sangrando e sentindo cada gota de suor escorrer por seu corpo. afinal de contas, todas aquelas gotas eram resultado de um árduo período que percorreu para chegar até aquele momento e não podiam ser menosprezadas.

sua visão aos poucos se recuperou e os sons já não eram confusos. apoiado no chão do jeito que podia, ele sabia o que fazer e riu de canto. mais um adversário seria derrubado com seu grande gancho do esquerda perpetuando uma invencibilidade de 18 lutas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

eis a última curva, eis dezembro e a pausa.