terça-feira, 19 de maio de 2009

esperei por pedro do lado de fora da pequena loja de conveniência do posto onde resolvemos parar para tomar fôlego antes de prosseguirmos com nossa fuga desesperada.

o vento frio daquela noite cortava minha pele e ao mesmo tempo, uma a uma, minhas esperanças iam ruindo conforme as horas avançavam pelo vazio da madrugada. pedro apareceu vestindo sua habitual jaqueta gasta e trazia consigo um pequeno pacote que não pude identificar.

parou logo à minha frente, quase encoberto totalmente pela escuridão e com um olhar pesaroso e cheio de culpa, tirou um revólver de dentro do pacote e, após hesitar por alguns segundos, disparou em minha direção sem sequer fechar os olhos.

'pedro...'

cheio de lágrimas nos olhos, pedro correu para segurar meu corpo que teimava em desabar em direção ao chão envolto pelo sangue que escorria do abdômen atingido

'eu não...' parou de falar conforme a primeira lágrima cortou sua a face.
'vá...' podia jurar que já sentia o gosto do sangue na boca 'vá, eu sei....'

pedro, totalmente desprotegido e cheio de temores, apertou minha mão fortemente, sussurou um pedido de desculpas e correu para nosso carro onde mariana já o esperava para em alta velocidade desaparecerem na escuridão do horizonte.

poucos segundos depois do tiro, já se confundiam em minha cabeça o som da sirene, os gritos desesperados das testemunhas escandalizadas e minha prece...mais do que nunca, solitária prece...

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